26 de maio de 2010

Quem es tu?

Vou escrever com seriedade algo comum.. olha como fica chato: 

Fui ver o filme “Alice no país das maravilhas”, na versão do Tim Burtton. Gostei muito! Recomendo.
Nesta história ela tem 20 anos, e está prestes a ingressar no mundo adulto, ao mesmo tempo em que lhe é cobrada uma postura e comportamento de acordo com as regras da sociedade. Mas ela está em conflito, sem paciência. Fica irritada com a expectativa dos outros. Em uma grande festa, Alice será pedida em casamento, porém, não tem a mínima vontade de aceitar o pedido.
No auge do evento, a moça avista um coelho que chama sua atenção apressando-a com um relógio na mão. Ele diz, sem palavras, que ela não tem mais tempo e a encaminha para um poço profundo onde ela se deixa cair. Diante da gravidade do momento, quando ela teria que tomar uma importante decisão, intuiu que precisava urgentemente fazer uma consulta para dentro de si, para a escuridão do seu inconsciente. Ela cai, despenca, solta o corpo na imensidão do buraco. Vai fundo.
Quando chega ao final da queda, ela se encontra em um lugar de onde não consegue sair, pois as portas são muito pequenas para seu tamanho. Ela descobre então um elixir que a faz diminuir de tamanho, o que possibilita a saída. E depois encontra um bolo que a faz crescer. Durante a história ela usa estes artifícios ora para se tornar maior, ora para ficar menor. Mas este é o seu problema. Nunca está do mesmo tamanho dos outros! Este é problema de todos nós. Sentindo-nos por cima ou por baixo, nos comunicamos muito mal. Sofremos com isto.
Na história, Alice encontra-se com vários aspectos de si mesma: seu lado autoritário e mau, seu lado suave e bom. Encontra-se com as vozes interiores que a encaminham para lados opostos. Encontra-se com o sábio, simbolizado por uma lagarta que se transforma. A sabedoria está na capacidade de mudar. O sábio lhe pergunta sempre: “Quem é você?” ao que ela responde: “Alice”. “Você ainda não é Alice”, diz ele. Mas ela não o compreende. Em outros momentos ele pergunta de novo quem ela é, ao que responde: “Sou Alice, filha de fulano e de cicrano, nascida em tal lugar”. Mas isto não convence o sábio que diz: “Você ainda é meia Alice”.
A protagonista está destinada a matar um perigoso dragão. Está escrito. Mas ela reluta em aceitar seu destino. Não seria ele o monstro do medo e do julgamento, que ameaça a todos nós? Mas ela acredita ser incapaz de fazê-lo.
De aventura em aventura, Alice vai amadurecendo, e pouco a pouco, ela entende o que o sábio tentava dizer. Torna-se mais íntegra, corajosa e autêntica. Pergunta-se o que realmente quer, independentemente do que esperam dela.
Assim é que Alice se encontra com seu próprio tamanho, nem maior, nem menor que os outros. E só quando ela consegue ser do tamanho exato que é, entende que o monstro realmente deve ser morto, que esta é sua vontade mais profunda, e que tem sim capacidade de cumprir o propósito. Não tem mais dúvida alguma.
Durante a batalha cinematográfica (desculpe-me o trocadilho), ela corta a cabeça do monstro. Justo a cabeça – a mente, os pensamentos que nos atrapalham tanto, que nos atrasam a vida, que nos perseguem. Chega! Não existe mais perseguidor. Não existe mais cabeça. Não existe mais monstro. Não existe mais ego.
Agora, que ela está livre, cada um dos personagens encontra seu rumo. Ela deseja e já pode voltar à realidade externa. Alice teve a coragem de mergulhar profundamente em seu ser, descobrir suas fantasias, suas ilusões, encontrou-se com a sabedoria e descobriu quem era de fato.
Sai do poço e volta à luz do dia. E diante dos personagens deste lado do mundo, que não são tão diferentes daqueles que habitam seu interior, ela se vê senhora de si mesma. Não precisa mais correr mais contra o tempo. Não existe mais coelho nenhum para pressioná-la. O tempo é todo seu, para ser o que ela é.
De posse de si, ela diz a que veio. Com amor, respeito e firmeza relaciona-se com todos a partir de sua consciência, abrindo o caminho para uma vida única, corajosa, em contato com seu poder pessoal.

Um comentário:

  1. Hum... Apesar de você ter contado todo o filme, ainda estou afim de vê-lo. O texto não ficou ruim não, cara!

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Gostou do que leu?? Não??

dá um pitaco ae. e depois eu prometo q te mando ir à merda