22 de maio de 2009

Série Tantra....3

O mecanismo biológico do Tantra

Os antigos haviam descoberto que, para a natureza, o indivíduo é fator descartável, porém, a espécie não. Esta deve ser preservada a qualquer custo. A natureza é capaz de eliminar sumariamente milhões de indivíduos se isso for útil à espécie. As sociedades de insetos nos fornecem bons exemplos disso, quando milhões de formigas ou de abelhas se sacrificam voluntariamente pelo bem do formigueiro ou da colméia. Na verdade, o ser humano não está muito distante desse comportamento. Basta lembrar nossa história de guerras tribais, depois entre nações e agora, envolvendo praticamente todo o planeta.

Que utilidade há em sabermos que a natureza descarta o espécimen, mas luta para preservar as espécies? Sob a ótica da lei natural, quando um indivíduo se reproduz, já cumpriu sua obrigação perante a espécie. E logo depois seu organismo passará a um processo mais acelerado de decadência em direção à morte. Entretanto, se ele praticar o maithuna, segregando hormônios sexuais em abundância e depois retiver o orgasmo, criará artificialmente um estado de permanente disponibilidade para a reprodução. Como a natureza preserva um reprodutor por ser muito útil à espécie, esse indivíduo será protegido contra doenças, envelhecimento e até acidentes, pois mantém-se com mais reflexos e mais inclinação a Eros que a Tânatos. Esses dois impulsos, o de vida e o de morte, estão em constante oposição nos seres humanos.

Quando o impulso de Eros é mais atuante, a pessoa manifesta melhor disposição para a vida e maior vitalidade. Logo, desfruta de mais saúde, menos enfermidades e depressão. Por isso, também apresenta menor propensão a acidentes. Muitas vezes, esses não passam de tentativas inconscientes de suicídio.

De fato, em todo o reino animal, quando os indivíduos estão aptos à reprodução, quando estão bem abastecidos de hormônios sexuais, tornam-se exuberantes e muito mais fortes. Isso também poderia explicar porque a prática de maithuna tem efeito semelhante sobre os seus praticantes. Por outro lado, não será demais lembrar que a pura e simples abstinência sexual não tem o efeito mencionado, já que a natureza tende a desativar as funções que não são utilizadas. Dessa forma, em pouco tempo as gônadas deixam de segregar os preciosos hormônios e o exemplar em questão perde a vitalidade - com ela o brilho e a exuberância. O mecanismo biológico do Tantra baseia-se em manter altos os níveis de hormônios sexuais através da técnica de produzir excitação e conter o orgasmo. Não deixando a energia se esvair, o organismo mantém uma disposição constante para o ato sexual, pressuposto da reprodução, por isso a natureza o protege e preserva.

Para terminar, convém informar que Yôga e Tantra não são a mesma coisa. São coisas diferentes. Mas o Yôga original, logo mais autêntico, era comportamentalmente tântrico, já que o brahmacharya só seria introduzido milênios mais tarde. Então, este último não tem autenticidade em termos de origens e de coerência com o Yôga. Por essa razão, todos os nossos alunos gostaram muito mais quando comecei a ensinar as mesmas técnicas que ensinava antes, só que agora com o colorido de uma influência mais coerente, mais legítima, mais original.

Ainda assim, para me desintoxicar de toda a lavagem cerebral a que havia sido submetido anteriormente, levou tempo. Mesmo estando atento para retirar toda a tendência espiritualista e repressora, levei mais de dez anos até conseguir chegar a um bom termo. E isso só ocorreu quando comecei a entender as raízes Sámkhyas do Yôga pré-clássico.

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dá um pitaco ae. e depois eu prometo q te mando ir à merda