Comecei a ler a Confraria por conta dele. É professor no mesmo lugar onde eu leciono. Leio seus tweets(@paraquenomes) e seus contos.; Curtam a poesia daquele que eu chamo apenas de Sal
O Chamado
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Carlos
Drummond de Andrade

Da primeira vez que lhe matei
Nenhuma dor, prazer,
nenhuma emoção.
Nos dias que se seguiram, o enorme vazio
Era preenchido por
crianças brincando na rua.
Pássaros noctívagos entoavam melodias
fúnebres,
Passava as noites em claro, entre um café e um
cigarro.
Nada do que eu fazia me lembrava você,
Eu continuava
indiferente, ar cadavérico,
E as sombras me acompanharam
Até o dia da sua
ressurreição.
A luz que tocou meus olhos vinha metade do seu
sorriso
E metade da manhã de verão, e já não tenho
tanta certeza
Se a recebi com beijos e abraços ou somente
abraços.
O amor dessa vez parecia tão certo, seguro,
eterno.
Suas palavras ternas me enchiam de alegria,
Seu olhar
penetrante e revelador me relaxava,
Seus beijos voluptuosos
me excitavam, suas...
Quando lhe matei pela segunda vez
Chorei...
Nos dias que se
seguiram, o enorme vazio
Era preenchido pelas vagas lembranças
estuantes,
Gostosas, carinhosas, únicas.
Não mais me
distraía vendo meninas pulando amarelinha ou
Meninos batendo uma
bolinha.
Agora a vida passava em movimento alucinante
pela janela
Entre ruas largas de moradas verticais.
Roqueiros
vespertinos entoavam melodias distorcidas,
Passo os dias ocupado e
as noites dormindo, não fumo
E café só pela manhã.
Eu continuo
diferente, a luz teima em me acompanhar
Arco-íris surgem quando
passo, mulheres me desejam mais do que posso
E assim que me
acostumei a vida luzidia, você me chamou
Dizendo precisar amar.
Eu lhe atendi
E me matei pela primeira e última vez.
______
Epílogo
Amores de vidas passadas
valem a pena, mesmo sem citar Pessoa, precisam apenas de um passado que
se queira presente. O futuro, difícil saber a quem pertence.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Gostou do que leu?? Não??
dá um pitaco ae. e depois eu prometo q te mando ir à merda