8 de abril de 2009

série Em teoria... 15

Sou casado, mas estou apaixonado por outra

Tudo parado, sempre igual, aquela falta de tesão crônica, típica de um casamento que já apresenta os sinais do desgaste. O que fazer? Depois de alguns anos de relacionamento, na convivência íntima que inclui filhos, problemas financeiros, momentos bons e ruins, muitos casamentos entram numa fase bem monótona. Sobra uma boa amizade, respeito, talvez um bom sexo e a sensação de que ainda existe amor. Relembrando o passado, tudo o que foi construído junto, você tem o sentimento de que sua esposa foi e é muito importante em sua vida. Mesmo assim, você olha para outras mulheres com muito apetite, e lá no fundo de si mesmo sente a falta aqueles tempos quando vocês eram mais jovens. Então, bate aquela vontade de viver uma paixão, de sentir a adrenalina de um encontro secreto, o medo de ser descoberto, a alegria adolescente de um flerte retribuído. Então você presta atenção naquela moça que trabalha na sua empresa, que o toca com um olhar romântico, cheio de promessas de um encontro especial. Aquilo mexe com seu desejo lá no fundo da alma, que ainda é jovem e quer brincar. Quer sentir o fogo adolescente queimando seu corpo, os hormônios agitados, passando por cima de qualquer perigo que você insiste em não reconhecer. O sangue circula mais forte, mensagens no computador, a ousadia, o risco. Que saudade de um picante happy hour, da cama redonda do motel. Do espelho do teto repetindo o prazer dos corpos que se descobrem; diferente cardápio, puro deleite, sem compromisso. Que mistério! Estava tudo tão tranqüilo em casa. O que foi que mudou? Que armadilha é essa em que você se meteu? Enquanto pulava a cerca só com escapadas ocasionais, sexuais, o equilíbrio parecia perfeito. Era. Não é mais. Agora, quando você a vê, quer abraçá-la, apertá-la, com ela se fundir numa dança de energias, no beijo, nos olhares, na doce e intrigante companhia. Sai com a garota e entende o eterno enquanto dure, a magia do encontro proibido. Vocês sofrem com a impossibilidade, imaginando como seria bom se tudo desse certo. O banho tomado, o cheiro da infidelidade, os olhos que não disfarçam a culpa que estraga a sensação de bem-estar. Festa merecida, louco divertimento. Você volta para casa renovado. Trata bem sua mulher, leva flores, compensa-a de alguma forma. O olhar para o teto denuncia que você está em outro lugar. - Que foi, meu bem, você está tão estranho... Algo lhe diz que tem coisa errada. Ela não tem certeza, mas fica de mau humor. E agora? Você se sente profundamente tocado e se questiona: - Será que ainda posso ser feliz com uma mulher? - Será que ainda posso viver uma paixão de verdade? Você quer se sentir vivo, de novo. - Mas será que ela me proporcionaria a segurança que tenho em casa? E é neste ponto que o conflito se eleva a um nível insuportável. Você tenta andar por dois caminhos que o levam para diferentes lados. Não é fácil. Depois de alguns encontros você se encontra numa dolorosa encruzilhada. Passado, presente ou futuro? Por onde ir? Ficar com a responsabilidade de um homem maduro ou a aventura do desconhecido? Será que vale a pena viver sem paixão? Quanto tempo ela dura? Você não estaria repetindo uma relação que o levaria ao mesmo ponto em que você se encontra com sua atual mulher? Sem contar o desastre que a situação traz aos sentimentos de cada um. O triângulo tem três pontas, por isso não é redondo. E as pontas costumam ferir. Como administrar as inseguranças, as rejeições e os ressentimentos? Será possível avisar às duas o que está acontecendo? Por quanto tempo se pode suportar isso? Depois de tantas perguntas, uma certeza. A paixão não tem preço, pois com ela você se sente vivo; mas é verdade que um dia ela se vai, para voltar ninguém sabe quando. Este roteiro não é nada original, e é bem capaz que você já tenha passado por isso de alguma forma, em alguma das três posições. De todo jeito, tudo isso gera um enorme desconforto. De novo, o que fazer? Não acredito que existam fórmulas. Minha vontade é sempre apostar em alguma alternativa que chacoalhe a relação, usar toda a clareza mental, discernimento e criatividade, e principalmente o coração, para buscar mais energia onde o amor está.

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dá um pitaco ae. e depois eu prometo q te mando ir à merda